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Rio Grande do Sul: as vacinas recomendadas para vítimas e socorristas

17/05/2024 Notícias | Saúde Saúde Livre Vacinas
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A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Gaúcha de Infectologia (SGI) divulgaram nesta semana uma nota técnica com recomendações de vacinas. As orientações se direcionam às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, assim como às equipes que trabalham nas operações de resgate no estado.

“Devido à exposição à água de enchentes, a população exposta e os socorristas estão em risco aumentado de doenças infecciosas de transmissão hídrica ou ambiental, além de mordedura de animais, traumatismos diversos, contaminação de feridas por lama ou água contaminada, e doenças de transmissão respiratória por aglomeração de pessoas”, diz a nota. “Várias dessas doenças podem ser evitadas ou prevenidas por meio da vacinação.”

Confira as principais recomendações:

Carteira de vacinação no Rio Grande do Sul

Todas as pessoas que tiverem a carteira de vacinação disponível somente devem completar doses não realizadas para a faixa etária ou conforme a situação clínica.

Por outro lado, no caso de quem não tiver a carteira vacinal disponível, deve-se considerar que não houve aplicação das doses recomendadas. Dessa forma, essas pessoas devem receber as doses em que há indicação para a idade atual.

Mulheres grávidas devem receber vacinas inativadas especialmente indicadas para pessoas deslocadas por desastres e enchentes.

Contraindicações

Gestantes, pessoas imunocomprometidas ou em uso de drogas imunossupressoras não devem receber vacinas virais vivas atenuadas como a dose contra a varicela. Além disso, não são indicadas a tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba), a tetra viral (contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela), a dose contra a febre amarela e a contra a dengue.

Crianças em condições de imunossupressão também não devem receber as doses contra o rotavírus e a poliomielite oral. A realização da triagem, segundo as entidades, deve ser por autorrelato.

Soros

Em casos de necessidade de proteção imediata contra a raiva e o tétano, deve-se usar soros e imunoglobulinas. Considera-se urgente, por exemplo, quando não é possível esperar o tempo necessário para que o indivíduo responda às doses produzindo anticorpos. A indicação também serve para gestantes e indivíduos imunocomprometidos no caso de contraindicação às vacinas vivas atenuadas.

BCG

No caso da vacina BCG, que previne contra as formas graves da tuberculose, a administração não deve ocorrer fora da unidade de saúde. Ela requer um profissional capacitado para a aplicação, evitando eventos adversos graves. Idealmente, deve-se tomar após o nascimento, ainda no ambiente hospitalar.

Aplicação concomitante de vacinas

A aplicação concomitante de vacinas deve ocorrer em locais distintos do corpo. É preciso, entretanto, se atentar a especificações de intervalo, dependendo da combinação de doses.

A vacina contra a dengue, viva atenuada, por exemplo, não deve ter a aplicação no mesmo dia que qualquer outra vacina. A orientação é respeitar 24 horas de intervalo para doses inativadas e 30 dias para as vivas atenuadas.

Gripe e covid-19

Todas as pessoas com 6 meses ou mais vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul ou que trabalham em operações de busca e salvamento devem receber a vacina contra a gripe e contra a covid-19 – exceto aquelas com contraindicações.

De acordo com o documento, as doses são importantes para evitar surtos em abrigos. “No entanto, ambas passam a ter sua eficácia cerca de duas semanas após sua aplicação e, portanto, outros cuidados, para mitigar a transmissão desses vírus respiratórios devem ser adotadas”, informa a nota.

Tríplice viral

A aplicação da vacina contra o sarampo, a rubéola e a caxumba deve ocorrer em todas as pessoas entre 12 meses e 59 anos de idade vítimas de enchentes ou que trabalham nas operações de busca e salvamento. As exceções são aquelas com contraindicações para a dose ou que tenham o registro documentado na carteira de vacinação.

As doses também são importantes para evitar surtos em abrigos, com recomendação para todos que não estejam vacinados com pelo menos com uma dose.

Hepatite A

Desde 2014, a vacina contra a hepatite A tem indicação para todas as crianças aos 12 meses de vida ou até os 5 anos, se ainda não vacinadas. A dose também está disponível para pacientes imunodeprimidos e pessoas com doenças crônicas especificas.

No caso do Rio Grande do Sul, a prescrição se deve ao risco de surtos durante e após períodos de enchentes.

Tétano

Adolescentes, adultos e idosos no Rio Grande do Sul devem receber uma dose de reforço antitetânico se não tiverem sido vacinados contra o tétano nos últimos 5 anos ou se não tiverem a carteira de vacinação disponível.

As vacinas dT (tétano/difteria) ou dTpa (tétano/difteria/coqueluche acelular) podem seguir as recomendações do Programa Nacional de Imunizações. Frávidas a partir de 20 semanas de gestação recebem a dTpa, e adolescentes, adultos e idosos recebem a dT. Na falta de dT, pode-se substituir pela dTpa.

Crianças sem a carteira de vacinação contendo o componente tetânico (penta, DTP, DTPa ou DT) devem ser vacinadas com DTP ou DTPa.

“Em situações de inundação, o contato com água e objetos contaminados pode aumentar o risco de feridas e cortes, aumentando o risco de tétano. Por isso, é importante assegurar que todos estejam com a vacinação antitetânica atualizada, especialmente se estiverem envolvidos em trabalhos de resgate, limpeza ou reconstrução”, dizem as entidades.

Raiva

O uso da vacina antirrábica deve acontecer apenas para profilaxia pós-exposição em caso de acidente de risco para a raiva. Por exemplo, após mordida de animal mamífero, inclusive cavalos e gado, ou após exposição a morcego.

O esquema pode incluir uma série de doses da vacina e também o uso de soro antirrábico, com urgência de aplicação. “Em caso de desastres ambientais, resgates e a convivência com animais domésticos ou não, o risco de acidentes de risco para a raiva tem maior chance de ocorrer”.

“O uso de imunizante contra a raiva não deve ser feito de rotina, nem mesmo para aqueles envolvidos nos regastes. Seu uso deve ser restrito para casos de acidentes de risco para a raiva, conforme protocolo usual para essa situação médica. Recomendar que pessoas nessas situações de risco procurem imediatamente um serviço de saúde para avaliação.”

Hepatite B

Todos os envolvidos em resgates, profissionais da saúde, socorristas e voluntários devem receber a vacina contra hepatite B. A indicação de doses depende da situação vacinal. Pessoas sem registro na carteira de vacinação de doses aplicadas ou não vacinadas devem receber uma dose. Além disso, devem retornar à unidade de saúde para continuidade, se for o caso.

Pessoas com registro na carteira de vacinação de esquema incompleto devem dar continuidade, respeitando os intervalos mínimos entre as doses (0-2-6 meses), até a última dose. Imunocompetentes adequadamente vacinadas com três doses não deve ser vacinadas.

Pessoas imunossuprimidas, como as que que vivem com HIV, independente do CD4; portadoras de doença hepática crônica; renais crônicas; com câncer; transplantadas de órgãos ou células hematopoiéticas; com doenças inflamatórias imunomediadas tratadas com imunossupressores potentes, entre outras devem receber uma dose de reforço da vacina.

“A imunização contra a hepatite B está recomendada para os respondedores, uma vez que estarão potencialmente expostos ao cuidado com pacientes e situações de contato com fluidos corporais. A maior parte dos profissionais já deve ter recebido essa vacina, uma vez que é exigida para profissionais de saúde, bombeiros, militares, etc. O esquema de vacinação é de três doses da vacina (0, 2 e 6 meses).”

Febre tifoide

A vacinação contra febre tifoide tem recomendação para socorristas, se disponível, com aplicação de uma dose.

Com informações da Agência Brasil.

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