Se a vacina BCG não deixou marca no braço é preciso reaplicar?
A pequena cicatriz é comum e já esperada pelos pais quando o bebê recebe um dos seus primeiros imunizantes. Mas e se a vacina BCG não deixou marca no braço? Será que funcionou?
BCG é a sigla de Bacilo de Calmette-Guérin, que compõe a vacina contra as bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis. São elas as causadoras da tuberculose, uma doença infecciosa e transmissível que afeta principalmente os pulmões, pode deixar sequelas graves e até ser fatal.
Essa é uma das doenças mais antigas identificadas pela ciência, já tendo sido chamada de tísica e peste branca. A letalidade da tuberculose teve redução no Brasil com o uso da vacina, obrigatória em crianças desde 1976. No entanto, ela permanece presente, com 78 mil casos confirmados no país em 2022.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a aplicação da vacina chegue a prevenir mais de 40 mil novos casos anuais de meningite tuberculosa. Até um quarto da população mundial tem contato com a bactéria em algum momento da vida.
Quem deve tomar?
A recomendação dos órgãos de saúde é que a aplicação aconteça o mais cedo possível. Em geral, ministra-se a dose única ainda na maternidade, a partir de 12 horas de vida do bebê. Caso isso não aconteça, a criança pode receber o imunizante até os 5 anos. Porém, quanto antes, menor a chance de desenvolver a doença.
Em contrapartida, deve-se adiar a aplicação em casos de prematuridade em que o bebê tenha peso inferior a 2 kg, e em recém-nascidos após uso de imunossupressores pela mãe durante a gravidez.
E se a BCG não deixou marca?
A “marquinha” de até 1 cm de diâmetro é uma reação imunológica que ocorre no local em que a agulha foi inserida com a solução contendo o bacilo de Calmette-Guérin. Ela aparece em até 95% das pessoas.
Essa resposta à vacina começa com uma mancha vermelha elevada na região, e evolui para uma pequena úlcera que pode produzir secreção até a cicatrização completa, que pode levar seis meses.
Por outro lado, a falta dessa cicatriz não indica que a imunização não teve efeito. Seguindo a orientação da OMS, o Ministério da Saúde não recomenda desde 2019 a reaplicação em quem não apresentar a marca. Novos estudos mostraram que não há relação entre a marca no braço e a proteção conferida.
Além disso, até 2006, a vacina BCG tinha aplicação de duas doses – ao nascer e entre os 6 e 10 anos de idade. Atualmente, sabe-se que uma dose única na vida é suficiente para garantir a defesa do organismo.