Vacina contra o HPV: dúvidas e mitos respondidos
Você certamente já deve ter ouvido por aí algum mito sobre a vacina da HPV. Não é forçoso dizer que essa é a vacina que mais envolve mitos circulando pela internet. Na verdade, era! A vacina contra a COVID-19 é a atual campeã dos mitos.
Mas, voltando à vacina contra o HPV, a Saúde Livre está aqui para te explicar um pouco sobre a importância dessa vacina e desmistificar alguns mitos que circulam por aí.
HPV é a sigla em inglês para papilomavírus humano. Os HPV’s são vírus capazes de infectar a pele ou as mucosas e se trata de uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), altamente infecciosa e facilmente transmitida por meio da relação sexual sem uso do preservativo.
Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, sendo que cerca de 40 tipos podem infectar o trato ano-genital.
A vacina contra o HPV confere proteção contra os 4 principais tipos do vírus HPV, sendo eles os tipos números 6,11, 16 e 18. Vale dizer, que a vacina é capaz de prevenir a maioria dos cânceres de colo de útero, cânceres de vulva, vagina, do ânus e ainda as verrugas genitais.
A vacina é indicada para mulheres entre 9 e 45 anos de idade e homens entre 9 e 26 anos de idade.
Descubra aqui quais são os mitos e verdades sobre a vacina contra o HPV.
O HPV é transmitido somente através do ato sexual.
MITO – A transmissão do vírus se dá por contato direto com a pele ou mucosa infectada. A principal forma é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Assim sendo, o contágio com o HPV pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal, aumentando significativamente o risco de contrair a doença. Também pode haver transmissão durante o parto, o que chamamos de transmissão vertical.
Existem tipos de HPV que são mais grave.
VERDADE – Existem diversos subtipos deste vírus, que podem causar desde verrugas em pele e mucosas, até lesões mais graves, como câncer de colo de útero e câncer anal. Os HPV são classificados em tipos de baixo e alto risco para câncer, sendo os de baixo risco, o 6 e o 11 que são os mais frequentes e causam sobretudo verrugas no trato genital, e 16 e 18 que são os tipos de HPV com potencial capacidade de causar câncer de colo do útero, também chamados de oncogênicos, presentes em cerca de 70% dos cânceres cervicais, 40% a 50% dos cânceres vulvares, 70% dos cânceres vaginais, 85% dos casos de câncer anal, 50% dos cânceres de pênis
O HPV pode causar vários tipos de câncer.
VERDADE – É muito comum termos casos de infecção causada pelo HPV, sendo na sua maioria transitórias, ou seja, elas surgem e há uma regressão do caso de forma natural na maioria das vezes. No entanto, há um pequeno número de casos nos quais a infecção persiste e, especialmente, é causada por um tipo viral oncogênico (com potencial para causar câncer), podendo ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras, que se não forem identificadas e tratadas o mais precocemente possível, podem progredir para o câncer, sendo o principal deles o câncer do colo do útero, mas também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca.
A vacina do HPV oferece riscos para crianças.
MITO – A vacina do HPV é totalmente segura e eficaz, além de ser uma vacina inativada, portanto, não tem como causar a doença. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendam a vacinação de meninas e meninos a partir dos 9 anos de idade, fase em que a resposta às vacinas é muito mais alta e quando ainda não houve contato com o vírus.
A vacina do HPV causa paralisia.
MITO – Assim que iniciaram a campanha de vacinação contra o vírus do HPV, várias notícias começaram a circular, apontavam que algumas pessoas ficaram paralisadas após terem realizado a imunização.Com toda essa repercussão negativa, Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explicou que foi provado se tratar de um caso de histeria coletiva.A especialista em cânceres ginecológicos e presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, Angélica Nogueira, confirma a informação e reforça que os casos que aconteceram no Brasil não tinham relação com a vacina, e a imunização é segura e evita uma doença muito relevante.
Há uma preocupação muito grande por parte dos profissionais da saúde, pois informações incorretas podem levar a uma baixa taxa de cobertura vacinal, levando ao risco de aumento de doenças graves.
A partir dos 15 anos a vacina do HPV está disponível apenas na rede privada.
VERDADE – Meninas com idade entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos podem receber a vacina contra o HPV de forma gratuita em qualquer unidade de saúde, a partir dessa idade somente na rede privada de vacinas, sendo que após essa idade o esquema também será diferenciado. Para meninas e meninos de 9 a 14 anos, 11 meses e 29 dias são indicadas duas doses, com intervalo de seis meses entre elas (0 – 6 meses). A partir dos 15 anos, são três doses: a segunda, um a dois meses após a primeira, e a terceira, seis meses após a primeira dose (0 – 1 e 6 meses).
A vacina do HPV possui algumas contra indicações.
VERDADE – Os fatores que levam a não vacinar contra o HPV são poucos, sendo contraindicado apenas para gestantes e pessoas que apresentaram anafilaxia após receber uma dose da vacina ou a algum de seus componentes.
Existem particularidades para quem está com sistema de defesa frágil.
VERDADE – A vacina contra o HPV é produzida a partir de um vírus inativado, ou seja, ele não tem como causar a doença no indivíduo que foi vacinado, sendo assim não há prejuízos ao aplicar a vacina nessa população específica. Foi constatado que mulheres vivendo com HIV/Aids têm cinco vezes mais probabilidade de evoluir para o câncer cervical em relação à população em geral. Essa maior vulnerabilidade, também, se dá em pacientes transplantados e oncológicos, que apresentam em comum um quadro de baixa imunidade.
Por isso, o Ministério da Saúde indicou, em 2017, a vacinação contra HPV para mulheres e homens com imunossupressão até os 26 anos de idade. Agora, amplia essa proteção para as mulheres até 45 anos. Essa vacinação, seguindo a recomendação da OMS, será realizada com a aplicação de três doses em intervalos de dois meses, entre a primeira e segunda, e a terceira dose seis meses após a primeira aplicação. A prescrição médica da vacina HPV será necessária para a aplicação.