Vacina contra herpes-zóster pode reduzir risco de demência, mostra pesquisa
Um estudo da Universidade de Oxford, publicado na revista científica Nature Medicine, mostrou que a vacina contra herpes-zóster pode diminuir o risco de desenvolvimento de demência em idosos. A proteção contra doenças degenerativas que afetam as funções mentais chega a 17% nos primeiros seis anos após a aplicação. Em mulheres, o número é ainda maior, com até 23%.
A pesquisa analisou os dados de cerca de 200 mil pacientes nos Estados Unidos. Mesmo entre as pessoas que eventualmente apresentaram sinais de demência, quem estava vacinado viveu uma média de 164 dias a mais sem sintomas. O acréscimo é de quase seis meses em comparação com quem não recebeu o imunizante.
A possibilidade de a vacina ser eficaz no combate à demência já estava em estudo desde o lançamento do primeiro imunizante, em 2006. A primeira versão disponível era uma vacina atenuada (com o vírus enfraquecido), e o objetivo dos cientistas era comparar com a alternativa mais moderna, recombinante (sem presença do vírus completo).
No comparativo com idosos que receberam as vacinas contra gripe e a dTpa (difteria, tétano e coqueluche), a dose contra herpes-zóster também se mostrou 27% mais eficaz na prevenção de doenças degenerativas mentais.
No entanto, não está claro ainda o mecanismo de ação. Uma das hipóteses levantadas é que o Vírus Varicela-Zóster (VVZ), que causa a herpes-zóster, seja responsável por aumentar o risco de demência. Dessa forma, a vacina agiria impedindo o desenvolvimento dos agentes infecciosos, gerando a proteção de forma secundária.
Herpes-zóster
Mais comum em pessoas acima de 50 anos, a herpes-zóster é conhecida popularmente como cobreiro. Essa doença é provocada pelo mesmo vírus causador da catapora, que permanece “escondido” no organismo por anos após a infecção. Ele costuma ressurgir com o comprometimento do sistema imunológico, seja com o avançar da idade ou outras patologias.
Os sintomas iniciais são dores nos nervos, formigamento, sensação de “agulhadas” na pele, febre, coceira, ardência e mal-estar. A lesão característica costuma aparecer na região torácica, mas pode surgir em qualquer parte do corpo. Trata-se de uma mancha com pequenas bolhas avermelhadas na pele, que causa dores intensas.
Além disso, a doença pode ter complicações graves, como neuralgia pós-herpética, em que a dor persiste e pode durar anos. Também podem ocorrer meningoencefalite herpética, trombocitopenia e até problemas de visão.
A vacina contra herpez-zóster está disponível em clínicas privadas e pode ser aplicada a partir dos 18 anos. O esquema vacinal inclui duas doses, que devem ter entre dois e seis meses de intervalo.