Chuvas: como cuidar da saúde em situações de emergência?

09/05/2024 Notícias | Saúde Saúde Livre Vacinas
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Fortes chuvas têm afetado o Rio Grande do Sul nas últimas semanas, provocando enxurradas, enchentes, inundações, deslizamentos e desmoronamentos. Segundo a Defesa Civil do estado, os temporais prejudicaram cerca de 1,47 milhão de pessoas em 425 municípios gaúchos.

Trata-se de uma tragédia sem precedentes na região, que preocupa também pela disseminação de doenças. Infelizmente, a prevenção é limitada, uma vez que não é possível evitar de forma absoluta o contato com água contaminada em um período de calamidade pública. Ainda assim, alguns cuidados podem ser tomados, conforme orienta a Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede):

Água

Uma das principais preocupações, uma vez que as vítimas consigam deixar as regiões alagadas em segurança, é o acesso à água potável. De acordo com a associação, é indispensável que a população consuma água de fontes seguras nos locais em que a rede de abastecimento estiver comprometida.

A primeira escolha deve ser água mineral de garrafas e galões lacrados. Se não houver disponível, outra possibilidade é realizar o procedimento de desinfecção caseira da água disponível.

A cada um litro, deve-se utilizar duas gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, deixando a mistura repousar por 30 minutos. Outra opção é realizar a filtragem e a fervura por pelo menos 5 minutos. O processo está disponível em detalhes na cartilha do Ministério da Saúde.

Alimentos e remédios que tiveram contato com a água contaminada devem ser descartados. Após o retorno às casas, pisos, paredes e objetos devem ser desinfectados com água sanitária, deixando-a agir por 15 minutos.

Proteção contra as chuvas

Equipamentos de proteção individual (EPI) devem ser usados sempre que possível durante o contato com a água das chuvas, seja em resgates ou evacuações. Botas plásticas, luvas e roupas resistentes protegem contra ferimentos em meio a escombros. Até mesmo sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés podem ajudar.

É importante cobrir com bandagem à prova d´água quaisquer partes do corpo em que há cortes e outras lesões para evitar infecções. Ficar muito tempo em contato com a água também diminui a barreira de proteção natural da pele, que se torna suscetível à entrada de bactérias. “Não hesite em pedir ajuda a órgãos públicos e não se coloque em situações de risco”, ressalta a Abramede.

Doenças

As principais preocupações durante esse tipo de desastre são contaminações por leptospirose, tétano e hepatite A. Gripe, meningite, dengue, tuberculose e difteria também requerem atenção.

A transmissão da leptospirose ocorre pelo contato direto ou indireto com a urina de animais infectados – principalmente roedores. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência da doença pode aumentar em mais de 10 vezes em áreas de risco para inundações.

Inicialmente, os sintomas são febre, calafrios, dor de cabeça, dor muscular (especialmente nas panturrilhas), falta de apetite, náusea e vômitos. Eles podem levar de 7 a 14 dias para se manifestarem, chegando até a 30 dias. Quadros graves incluem icterícia, insuficiência renal e hemorragia. Caso haja suspeita, deve-se procurar um serviço de saúde.

Não tome antibióticos de forma preventiva. O uso indiscriminado dificulta o tratamento, e com o abastecimento prejudicado nas regiões afetadas, medicamentos podem ficar em falta.

Alguns grupos, como equipes de resgate e pessoas com exposição prolongada a águas contaminadas, podem receber remédios profiláticos, segundo orientação da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

O tétano é uma infecção causada pela bactéria Clostridium tetani, encontrada na superfície de objetos de diferentes materiais, como metal, madeira ou vidro. Durante inundações, a força das águas carrega entulhos que podem provocar ferimentos, aumentando o risco de contaminação. A vacina previne o contágio.

Em caso de lesões, deve-se lavar o local com água corrente limpa e sabão neutro, procurando atendimento médico em seguida. Os primeiros sintomas podem aparecer entre 5 e 15 dias, com mudança no aspecto do ferimento, febre baixa, dor de cabeça, contrações musculares dolorosas e rigidez nos membros. Em casos críticos, pode haver dificuldade de deglutição e arritmia cardíaca.

A disseminação da hepatite A acontece por meio da água e alimentos contaminados. O período de incubação é de 2 a 6 semanas, e é possível não apresentar nenhum sintoma. Quando estão presentes, eles podem ser vagos, como vômitos, dor abdominal, enjoo, constipação ou diarreia.

Vacinação

“Caso sua caderneta de vacinação esteja desatualizada, vacine-se o mais rápido possível. Essa orientação vale para crianças e adultos”, alerta a associação.

Dessa forma, a indicação é válida tanto para as pessoas atingidas direta quanto indiretamente pelas enchentes. Mesmo que não haja contato com água contaminada das chuvas, as vacinas evitam uma série de doenças cujo tratamento pode sobrecarregar hospitais e outras unidades de saúde quando há um número elevado de pacientes.

As principais vacinas indicadas neste momento são:

  • Gripe: Doenças respiratórias ocorrem com mais frequência durante catástrofes, sobretudo em abrigos e outros locais com aglomerações. A vacina está disponível para grupos de risco no Sistema Único de Saúde (SUS) e para toda a população nas clínicas particulares.
  • Tétano: Após o esquema vacinal aos 2, 4 e 6 meses de idade, é necessário atualizar a imunização a cada 10 anos. Além disso, em caso de ferimentos graves, antecipa-se a atualização para 5 anos. Gestantes também devem tomar uma dose a cada gravidez. Confira aqui as vacinas que incluem o imunizante.
  • Hepatite A: A vacina faz parte do calendário infantil, mas a aplicação pode acontecer em qualquer idade. Veja aqui mais informações.
  • Dengue: Apesar da quantidade limitada de doses disponíveis, pessoas elegíveis devem procurar unidades de saúde para evitar a doença. Os mosquitos transmissores se reproduzem na água parada, gerando novos surtos.
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