Febre maculosa: pesquisadores procuram vacina contra doença do carrapato
A febre maculosa, também conhecida como doença do carrapato, foi responsável pela morte de quatro pessoas na última semana. Os casos de contágio que resultaram em óbito ocorreram em Campinas (SP), onde outras onze pessoas também estão sob suspeita de infecção.
De acordo com o Ministério da Saúde, confirmaram-se 49 casos de febre maculos no Brasil neste ano, e ao menos seis pessoas morreram. No ano passado, registraram-se 190 casos, com 70 mortes. Ainda não há uma vacina para prevenir a febre maculosa, mas graças a estudos realizados pela Universidade de São Paulo (USP), isso pode mudar em breve.
Estudo
Uma pesquisa realizada no Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB-USP) aponta a possibilidade de “silenciar a expressão gênica da principal proteína inibidora da apoptose no carrapato-estrela”.
Em outras palavras, os pesquisadores buscam uma forma de reduzir o crescimento da bactéria Rickettsia rickettsi, que contamina o aracnídeo e pode infectar o ser humano. Entender o como o micro-organismo funciona é essencial para o desenvolvimento de uma vacina que previna a doença.
“O que meu grupo de pesquisa estuda são as interações que acontecem entre o carrapato e a bactéria que causa essa doença”, explicou a professora do Departamento de Parasitologia do ICB-USP e coordenadora do estudo, Andrea Cristina Fogaça, à Agência Brasil.
“Nosso objetivo com a pesquisa foi o de entender quais são as interações e as moléculas que são importantes para a interação entre a bactéria e o vetor, porque queremos identificar alguns potenciais alvos para o desenvolvimento de vacinas, tanto para diminuição da população do carrapato como para o bloqueio da transmissão da bactéria”, contou a professora.
Agora, é necessário desenvolver novas pesquisas para que o posterior desenvolvimento de um imunizante. Portanto, apesar de promissor, ainda não há previsão para que uma vacina chegue ao mercado. “Eu acredito que essa proteína levará também a proteção dos animais que são utilizados pelo carrapato para se alimentar, como cavalos, e termos uma redução da população de carrapatos que transmitem a bactéria”.
O que é a febre maculosa?
O carrapato-estrela (foto) é o responsável pela contaminação da bactéria que causa a febre maculosa, ou doença do carrapato. Os sintomas começam de forma repentina e incluem febre alta, dor na cabeça e no corpo, falta de apetite e desânimo, além de pequenas manchas pelo corpo.
No quadro mais grave, também é possível desenvolver diarreia, vômitos, dor muscular e abdominal, inchaço nas palmas das mãos e solas dos pés e gangrena nas extremidades. A doença pode causar paralisia, levando eventualmente à parada respiratória.
Como prevenir?
A melhor maneira de prevenir o contágio é evitar o contato com o hospedeiro da bactéria. Dessa forma, deve-se evitar locais com a presença de carrapatos, como matos, florestas, trilhas ecológicas e fazendas. Quando não for possível, recomenda-se examinar imediatamente todo o corpo para evitar que ele grude na pele. Utilizar roupas claras, que aumentam a visibilidade, e proteção como calças, botas, chapéu e camisa de manga comprida também são sugestões dos especialistas.
Caso haja um carrapato já preso à epiderme, a recomendação é retirá-lo o mais rápido possível com uma pinça. É importante tomar o cuidado de não apertar ou esmagar e removê-lo por completo. Em seguida, deve-se lavar a área com água e sabão ou aplicar álcool.
Tratamento da febre maculosa
Caso o paciente tenha histórico de contato com áreas de risco, deve informar imediatamente os profissionais da saúde, uma vez que pode-se confundir a doença com dengue, leptospirose, hepatite viral e outras.
Segundo o Ministérios da Saúde (MS), deve-se administrar antibióticos específicos em até três dias após o início da infecção. A aplicação do medicamento ocorre por cerca de uma semana, e pode ser necessária a internação hospitalar. A demora no início do procedimento pode levar a óbito.