10 mitos e verdades sobre a dengue
Mais de 650 mil casos de dengue foram confirmados no Brasil desde o início do ano, segundo o painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde.
O fenômeno climático El Niño elevou as temperaturas de diversas regiões do planeta. Além disso, o período chuvoso foi mais intenso no país em 2023. Com mais calor e umidade, cria-se o ambiente ideal para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus da dengue.
Apesar de ser uma doença sazonal, com o aumento do número de casos já esperados, a quantidade tem gerado preocupação. As receitas caseiras e dicas para prevenção se espalham pela internet, mas nem sempre são verdadeiras ou seguras. Veja alguns dos mitos (e uma verdade!) sobre a dengue:
1- Quem já teve dengue está imune à doença
Mito. Existem quatro sorotipos de dengue – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Cada um deles gera imunidade no organismo após a infecção, mas não protege contra os demais tipos.
2 – A segunda infecção é sempre hemorrágica
Mito. Enquanto há maior risco de desenvolver quadros graves a partir de uma segunda infecção, não há garantia de que isso vai acontecer – assim como é possível apresentar complicações ainda na primeira contaminação.
Além disso, o termo “dengue hemorrágica” não é mais utilizado. A denominação foi alterada para “dengue grave” pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2009, e pelo Ministério da Saúde em 2014. O motivo é que o sangramento nem sempre se manifesta em situações que exigem atenção médica imediata. Outros sintomas incluem dor abdominal intensa, dificuldade respiratória, desmaios, queda da pressão arterial e vômito persistente.
3 – Vitamina B previne a dengue
Mito. Embora as vitaminas do complexo B sejam importantes para o funcionamento do organismo, não há qualquer relação entre a suplementação e a dengue, seja para prevenir ou tratar a doença.
Inhame, própolis e alho também não têm nenhuma comprovação de eficácia contra a infecção. Apesar de não fazerem mal, o risco de utilizar métodos que não funcionam é criar uma falsa sensação de segurança, que pode impedir a adoção de medidas que são realmente eficazes.
4 – Chás e sucos podem ser usados para tratar a dengue
Verdade. Mas não há um ingrediente específico que funcione contra o vírus – o que importa é a água. Manter-se hidratado é essencial durante a infecção, e essas bebidas podem ajudar na ingestão. Não é preciso fazer chá de camomila, folha de mamão ou erva-de-são-joão: basta água pura.
5 – Paracetamol não pode ser usado durante a dengue
Mito. Paracetamol e dipirona são os medicamentos recomendados para alívio da febre e da dor causadas pelo vírus. Por outro lado, não se deve usar ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios como ibuprofeno e nimesulida, porque podem alterar a coagulação do sangue e aumentar o risco de hemorragias.
6 – Evitar água parada é a única forma de prevenção
Mito. Os principais métodos de prevenção atuais são a vacina, o uso de repelentes e o cuidado para impedir a reprodução do mosquito. No entanto, eliminar a água parada não é suficiente: é preciso higienizar os locais, pois os ovos colocados pelo Aedes aegypti podem ficar em estado de latência por até um ano, e eclodirem quando entrarem em contato com a água parada novamente.
7 – Ivermectina combate o vírus da dengue
Mito. A ivermectina é um medicamento utilizado no tratamento de alguns tipos de infestações por parasitas, como sarna e piolho. Ela não tem nenhuma ação contra vírus. Além disso, o remédio pode ter efeitos colaterais e causar outros problemas de saúde quando usado em excesso, como hepatite medicamentosa.
8 – Ar-condicionado e ventilador protegem contra o mosquito
Mito. Enquanto o ambiente fechado com o uso do ar condicionado e o vento do ventilador possam dificultar a ação do mosquito, eles não são suficientes para impedir picadas.
9 – Usar roupa preta atrai o mosquito
Mito. Não há qualquer evidência de que a cor da roupa altere a ação do mosquito. Por outro lado, utilizar peças longas, como calças e camisas de manga comprida, pode ajudar a evitar picadas, diminuindo as áreas do corpo expostas.
10 – A vacina contra dengue altera o DNA e causa câncer
Mito. A produção da vacina ocorre a partir do vírus atenuado, que provoca uma resposta imunológica no organismo mas é incapaz de causar a doença. Ela não tem nenhuma relação com o DNA e não pode fazer qualquer tipo de alteração, seja na pessoa vacinada ou em próximas gerações. Além disso, estudos rigorosos garantem a segurança da vacina, demonstrando que não há indício de que ela possa causar câncer.