Vacina de HPV em dose única ou esquema completo?
Será que vale a pena tomar a vacina contra o HPV em dose única? O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, passou a considerar plenamente vacinadas as crianças e adolescentes que receberam o imunizante apenas uma vez. A alteração tem como objetivo facilitar a adesão e ampliar a cobertura vacinal no Brasil.
A mudança afeta somente o Sistema Único de Saúde (SUS). A pasta optou por maximizar o alcance das doses em estoque, considerando que, coletivamente, há mais benefícios em um maior número de pessoas imunizadas do que poucas pessoas com um nível de proteção mais alto.
Outros 36 países adotam esse entendimento, com orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a agência, a medida leva a vacina a públicos prioritários e facilita a sua introdução em programas de imunizações nos países de média e baixa renda.
Dessa forma, a vacina contra HPV em dose única encontra respaldo em duas situações: locais com cobertura vacinal muito baixa, como é o caso do Brasil; e locais que já conseguiram vacinar a maior parte da população, mantendo a imunização como forma de impedir o ressurgimento do papilomavírus humano.
Então, por que duas doses?
Quando a aplicação da vacina ocorre na idade ideal, ou seja, entre os 9 e 14 anos, há uma resposta imunológica mais eficiente, com maior produção de anticorpos. Portanto, uma só administração já estimula as defesas do organismo. Por outro lado, se o início acontece mais tarde, as três doses são necessárias para garantir a proteção adequada.
Estudos, como o realizado pela Universidade de Oxford, mostram que só atinge-se o potencial máximo da vacina quando o esquema vacinal está completo.
Em resumo, de uma perspectiva de saúde pública, é melhor garantir que mais crianças e adolescentes possam receber ao menos uma dose. Do ponto de vista individual, porém, ainda orienta-se que, quem tiver a possibilidade, complete o esquema vacinal. São duas doses entre os 9 e 14 anos, e três doses caso o início seja após os 15 anos.
Na rede pública, a vacina disponibilizada é a quadrivalente, que protege contra quatro tipos de HPV. Já nas clínicas particulares, é possível encontrar a nonavalente, protegendo contra nove tipos do vírus.