Vacina brasileira para câncer de próstata é aprovada para ensaios clínicos nos EUA
Uma vacina terapêutica contra o câncer de próstata recebeu aprovação para estudos clínicos pela FDA (Food and Drug Administration), a agência reguladora dos Estados Unidos. A vacina foi desenvolvida por pesquisadores de Porto Alegre, onde ela está sendo testada desde 2002. Essa é a primeira vez que uma tecnologia semelhante chega a esse estágio.
Ao contrário da vacina profilática, que impede o desenvolvimento da doença, o foco da vacina terapêutica é o tratamento de uma doença já instalada. No caso do câncer de próstata, por exemplo, o fármaco é criado a partir das células tumorais do próprio paciente, e aplicado para estimular o sistema imunológico. O objetivo é evitar a reincidência e diminuir a mortalidade.
Ensaios clínicos
Dados preliminares mostraram que esse tipo de procedimento, conhecido como imunoterapia personalizada, foi capaz de reduzir a recorrência desse câncer de 37% para 12%, com queda de 12,8% para 4,3% nos óbitos.
O primeiro paciente americano recebeu a vacina no final de outubro, e espera-se que os primeiros resultados possam ser obtidos em cerca de 90 dias. O estudo, em fase 2, envolve 21 centros de pesquisa nos Estados Unidos, com 230 participantes, e deve durar até 22 meses.
“Os resultados mostram que a vacina reduz mais da metade de chances do paciente ter recorrência do câncer”, disse o médico e cientista Fernando Kreutz, que lidera a pesquisa, ao jornal Folha de S. Paulo. “O benefício de ter a vacina é superior a dois anos sem a recorrência da doença. Isso é um efeito fantástico em tratamentos oncológicos”.
“No Brasil, o tratamento convencional custa ao SUS cerca de R$ 2,4 milhões por paciente, o que dificulta o acesso a terapias inovadoras. Nossa abordagem poderá eliminar a necessidade de tratamentos subsequentes e caros”, afirmou.
Câncer de próstata
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, com base em dados do Ministério da Saúde, o câncer de próstata doença matou 17 mil homens no Brasil em 2023. A média é de vítimas da doença 47 por dia.
A previsão é de que o número aumente nos próximos anos. A comissão de câncer de próstata da revista científica internacional Lancet projeta que os casos devem duplicar no mundo até 2040, passando de 1,4 milhão em 2020 para 2,9 milhões em 2040.
Por isso, a doença é o foco da campanha Novembro Azul, que busca conscientizar a população masculina sobre a importância do diagnóstico precoce. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de próstata é o segundo mais comum nos homens. Atualmente, Brasil é o quarto país que concentra mais casos, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão.
Embora a maioria dos tumores da próstata cresça de forma lenta, impossibilitando até o desenvolvimento de sintomas e não se tornando um problema de saúde grave, uma pequena parte cresce de forma mais acelerada e pode se espalhar para outros órgãos.
Por isso, é importante estar atento aos sintomas iniciais: dificuldade para urinar, demora em começar e terminar a urinar, sangue na urina, diminuição do jato da urina e necessidade de urinar várias vezes à noite.
Entre os fatores de risco, estão a idade avançada, a partir dos 50 anos, e o histórico familiar. Homens negros também costumam ter a doença com maior frequência. A prevenção é a mesma de outros tipos de cânceres: alimentação saudável, peso corporal adequado e prática de atividades físicas.
Além disso, as demais vacinas precisam estar atualizadas para garantir a proteção contra outras doenças. Confira aqui o calendário vacinal do adulto.