Vacina contra HPV zerou casos de câncer de colo de útero, mostra estudo
Um estudo escocês mostrou que não houve nenhum caso de câncer de colo de útero entre mulheres que receberam a vacina contra HPV entre os 13 e 14 anos. A pesquisa foi publicada no final de janeiro na revista médica Journal of the National Cancer Institute, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Os pesquisadores analisaram o banco de dados da Escócia com o rastreio desse câncer, investigando o histórico de saúde de mulheres cisgênero nascidas entre janeiro de 1988 e junho de 1996 – cerca de 450 mil pessoas.
A conclusão foi de que a vacina teve 100% de eficácia na prevenção da doença entre as participantes imunizadas ainda nessa idade. O resultado se mostrou consistente independentemente do número de doses recebidas.
Além disso, houve uma redução significativa no número de casos mesmo em mulheres que se vacinaram mais tarde do que o recomendado, entre 14 e 22 anos. No entanto, o estudo reforçou a necessidade de completar o esquema vacinal, ou seja, tomar as três doses, especialmente a partir dessa faixa etária.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de colo de útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre mulheres. Foram registrados 604 mil novos casos e 342 mil mortes causadas pela doença em 2020 em todo o mundo. Com exceção de tumores de pele não melanoma, ele é o terceiro tipo mais incidente entre as mulheres no Brasil.
O que é o HPV?
Essa é a abreviação do nome em inglês do papilomavírus humano, um conjunto de cerca de 150 tipos de vírus que infectam a pele ou mucosa. Ao menos 14 deles têm relação estabelecida com cânceres.
A principal forma de contágio é por meio de relações sexuais. Porém, essa não é a única maneira. Os vírus podem ser transmitidos pela saliva e por perfuração ou corte com objeto contaminado. Há registros de de contaminação de mãe para o bebê durante o parto, apesar de ser mais raro.
O risco de desenvolvimento de câncer do colo do útero acontece principalmente com a infecção dos tipos HPV-16 e o HPV-18, que são responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais. Ânus, pênis, vulva, vagina, e orofaringe também podem apresentar tumores.
O HPV está presente no organismo de aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo. Delas, 32% têm os tipos graves. De acordo com pesquisadores, o papilomavírus é responsável por quase 100% dos casos de câncer de colo do útero; 85% dos casos de câncer de ânus; 35% de orofaringe; e 23% de boca.
Quem pode tomar a vacina contra HPV?
A vacina pode ser encontrada nas versões quadrivalente (que protege contra quatro tipos de HPV) e nonavalente (que protege contra nove tipos). Segundo o Ministério da Saúde, a cobertura da segunda dose está em 27,7% entre os meninos no país. Já entre as meninas, a cobertura é maior, atingindo 54,3%, mas ainda longe dos 95% recomendados.
O imunizante está disponível em clínicas particulares e em postos do Sistema Único de Saúde (SUS). Para meninas e meninos de 9 a 14 anos, 11 meses e 29 dias indica-se duas doses, com intervalo de seis meses entre elas. A partir dos 15 anos, são três doses: a segunda, um a dois meses após a primeira, e a terceira, seis meses após a primeira dose.
Dessa forma, é essencial receber a vacina precocemente para evitar doenças graves futuras.